A partir de meados do século XIX criaram-se Diretorias de
Índios, nas Províncias, ocupadas em 'controlar' e tratar das questões com comunidades indígenas. No
Paraná, com a contratação de missionários capuchinhos italianos, experimentaram-se as primeiras escolas de
"Primeiras Letras" com presença de alunos índios.
A
introdução de escolas em aldeias Kaingang começou, no entanto, a generalizar-se após a
instalação do SPI, mas ainda assim, bastante lentamente. No Rio Grande do Sul, por exemplo, em 1910 o SPI assume a
responsabilidade de uma área indígena (Ligeiro), onde instala uma escola na década seguinte, enquanto o governo
estadual organiza um serviço, inicialmente também de inspiração positivista, que nos anos 20 inaugura
escolas em algumas outras áreas. Muitas comunidades Kaingang, no entanto, só vieram a conhecer as primeiras escolas na
década de 40 ou 50, e algumas apenas depois disso.
Ao longo do
século XX, especialmente nos períodos de expansão da atividade agrícola e madeireira (particularmente nos
períodos pós-guerra), as áreas indígenas foram alvo de pressões, invasões, esbulhos oficiais
e dilapidação (também oficial) do patrimônio florestal. Essa história de esbulho é acompanhada
pela ocupação, também, de toda a cercania das terras indígenas por imigrantes e descendentes de imigrantes,
pequenos proprietários e fazendeiros. A presença cada vez mais maciça de brancos nas proximidades de suas terras e
- a partir das invasões e de arrendamentos promovidos pelo SPI - dentro das próprias áreas foi fator importante de
compulsão contra a permanência de tradições e práticas culturais indígenas, incluída a
língua, além de casamentos interétnicos (o casamento com mulher índia, para os caboclos alijados de suas
terras pelo empreendimento colonizador europeu, era garantia de acesso a esse bem de produção: a terra).
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