A história dos Kaingang no estado de São Paulo é das mais conhecidas (ao menos, no que se refere ao chamado "contato" ou, como se dizia à época, "a pacificação"), pelos inúmeros materiais de estudo publicados. Luiz Bueno Horta Barbosa dedicou-lhes uma famosa conferência, em 1913 ( A pacificação dos índios Caingangues paulistas ), e Darcy Ribeiro concedeu-lhes um subtítulo ( Os Kaingáng e a expansão dos cafezais ) no capítulo terceiro do seu clássico Os índios e a civilização . Mais recentemente foram como que o eixo organizador da dissertação de mestrado de José Mauro Gagliardi (defendida na PUC-SP em 1985), intitulada O indígena e a República . Finalmente, já na última década do século, uma outra dissertação de mestrado aborda a história dessas comunidades: Os nômades. Etnohistória Kaingang e seu contexto: São Paulo, 1850-1912 , de Niminon Suzel Pinheiro (defendida na UNESP-Assis, em 1992). Outros trabalhos facilmente encontráveis igualmente iluminam fatos dessa história, como Os Kaingang no Estado de São Paulo: constantes históricas e violência deliberada , de Silvia Helena Simões Borelli (1984), ou a Carta sobre a pacificação dos Coroados , escrita por Nimuendaju em 1912, e publicada em uma coletânea de 1982.
Já bem pouco ou quase nada sabemos sobre o que aconteceu nos séculos anteriores: quando os Kaingang separaram-se dos grupos do Sul e migraram para o norte do Paranapanema, deixando as regiões de pinheirais?
De forma resumida, para o século XX pode-se relatar que, já na primeira década, os Kaingang do interior paulista, na região dos rios do Peixe e Aguapeí, impediam a invasão de seus territórios, e começavam a ser apontados como obstáculo à ocupação econômica pela sociedade brasileira. A busca de expansão dos cafezais para o oeste paulista levou para lá o traçado penetrante da Estrada de Ferro