Outro ponto importante em que diferem as duas culturas é a atitude em face dos mortos. Herbert Baldus teve oportunidade de estudar o culto aos mortos no posto indígena kaingáng de Palmas. Entre esses índios, o enterro do defunto é acompanhado de uma série de cerimônias e práticas tradicionais (...) Por sua vez, os Xokléng queimavam, numa fogueira especialmente preparada, o defunto e todos os objetos que lhe houvessem pertencido. A seguir, enterravam as partes não consumidas pelo fogo (SCHADEN 1977:88-9).
Lingüísticamente, embora reconhecidamente aparentados, os atuais Kaingang e Xokleng são analisados como possuidores de línguas diferentes por autores como WIESEMANN (1978), que realizou um estudo comparativo de dialetos do Kaingang e do Xokleng.
Nimuendaju corrobora a opinião de Schaden, em carta de 1944 endereçada ao lingüista Mansur Guérios, não poupando uma crítica à conhecida síntese de Métraux:
"Eu creio que Schaden teve razão quando separou os Kaingang dos Botocudos. Sem dúvida, a língua destes é um mero dialeto do Kaingang - vi, porém, este dialeto é mais diferenciado que qualquer outro, e a cultura das duas tribus apresenta divergências tão notáveis que só pode causar confusão chamar a ambas pelo mesmo nome; isto o Snr. mesmo notará quando um dia ler o artigo que Métraux escreveu para o Handbook of South American Indians, onde Kaingang e Botocudos são tratados como sendo uma e a mesma tribu" (Apud NIMUENDAJU & GUÉRIOS 1948:215). Comparando as fontes bibliográficas disponíveis para ele, HICKS (1966) reafirma a diferenciação proposta por SCHADEN (1977), agregando, entre outras características distintivas, as duas seguintes: |