a) One radical criterion of contrast between Kaingang culture and Aweikoma [Nota: Xokleng] culture is the relationship terminology (...) the Kaingang prescribe marriage with the bilateral cross-cousin while the Aweikoma are non-prescriptive (...) b) The second radically significant cultural difference between the Kaingang and the Aweikoma is that Kaingang social structure is essentially dyadic (...) and that, contrarily, the social structure of the Aweikoma is essentially triadic, consisting of three social groups... (HICKS 1966: 843-4).

Atualmente considero que Jules Henry não estava tão incorreto ao propor a palavra indígena Kôinggegn (= "homem" ) como termo de auto-denominação, e ao definir os que temos chamado Xokleng como "a small group of Kaingáng" , parte de um amplo conjunto de "tribes speaking Kaingáng dialects" (HENRY 1964: xxi). Ainda que concordando com a inadequação de denominar povos distintos por um mesmo termo, gerando frequentes confusões na literatura como aquela apontada por Nimuendaju em referência a Métraux, não se pode deixar de reconhecer que a aplicação particular do termo Kaingang aos Xokleng é tão injustificada quando pretender a exclusividade do uso do termo para os outros, os não-Xokleng, como proposto por Borba e, a partir dele, generalizada. O mito de origem do povo a partir de KAMÉ e KAIRU, recolhido e divulgado pelo próprio BORBA (1904 e 1908) é explícito ao distinguir Kaingang de KAMÉ e KAIRU.

A questão que se coloca é que, sendo de fato povos distintos, os que hoje chamamos de Kaingang e Xokleng partilham um passado lingüístico comum, e uma ampla gama de traços culturais que podem ser ressaltados, ao lado daqueles fundamentais que os distinguem. Situações semelhantes são encontradas em qualquer parte do mundo, e em nossa história se registra com farta documentação a grande proximidade cultural - e, ao mesmo tempo, as guerras sangrentas de Tupiniquins e Tupinambás.