Os Kaingang são um povo pertencente à família linguística Jê, integrando, junto com os Xokleng, os povos Jê Meridionais. Sua cultura desenvolveu-se à sombra dos pinheirais, ocupando a região sudeste/sul do atual território brasileiro. Há pelo menos dois séculos sua extensão territorial compreende a zona entre o Rio Tietê (SP) e o Rio Ijuí (norte do RS). No século XIX seus domínios se estendiam, para oeste, até San Pedro, na província argentina de Misiones.
Os Kaingang conservaram sua liberdade nesse território até meados do século XIX, embora as primeiras explorações do território Kaingang tenham acontecido no século anterior. Entre Novembro de 1771 e Janeiro de 1772, uma importante expedição exploratória comandada por Afonso Botelho de Sampaio e Souza, esteve em reconhecimento demorado nos campos de Guarapuava, cumprindo objetivos estratégicos da Coroa Portuguesa: verificar as potencialidades auríferas e precaver-se da possíveis penetrações espanholas nesse território (cf. D'Angelis 1984:8).
A conquista do território, disputado com a Espanha, e a possibilidade econômica que representava o gado existente no Rio Grande do Sul, nas antigas estâncias jesuíticas (uma vez extintas as missões) fizeram com que D. João VI ordenasse a guerra aberta contra os Kaingang e Xokleng. Essa guerra tinha por finalidade conquistar suas terras, de modo especial seus campos naturais que seriam então, transformados em invernadas para o descanso do gado vindo do Rio Grande do Sul com destino à feira de Sorocaba, em São Paulo.
Entre 1809 e 1812 são ocupados os campos de Guarapuava (cf. Macedo 1951:111). |